11/10/2014

Atividade - Praia do S

Praia do S!

Oferta de uma das atividades do segundo pack da página "Viagem pelo Mundo da Terapia da Fala".
“Os Super-Sons na Praia Secreta” é um pack de articulação dedicado às sibilantes (s, z, ch , j) 

https://www.facebook.com/viagempelomundodaterapiadafala/photos/a.555431667860487.1073741828.554524001284587/684100568326929/?type=1&theater



18/06/2014

Sabe qual é a diferença entre surdez e deficiência auditiva?

(imagem retirada da internet)

Deficiência Auditiva

O conceito de deficiência auditiva reflete, segundo Behares (1993) citado em Dorziat (s.d.), uma visão médico-organicista em que a pessoa com perda auditiva é encarada como um portador de doença. Neste sentido, para que os efeitos da doença possam ser extintos, é necessário tratar a deficiência que se encontra subjacente. De acordo com esta visão, o tipo e o grau de perda auditiva presente no diagnóstico clínico são fatores primordiais para o encaminhamento educacional do indivíduo, bem como para as expectativas sobre o desenvolvimento da linguagem (Dorziat, s.d.).
Existem diferentes graus de deficiência auditiva (leve, moderada, severa e profunda) que diferem em função da perda auditiva e das características da pessoa, o que faz com que se adotem diferentes atuações clínicas e educacionais (Dorziat, s.d.; Medeiros, Gianini, Gomes & Batista, 2005)
A condição de deficiência leva o indivíduo a ficar isolado de uma variedade de contextos sociais. Isto acontece, mais propriamente, quando há uma perceção clínica de que não é possível tratar essa mesma deficiência auditiva (Inácio, s.d.). Este conceito está relacionado com a utilização de procedimentos que visam adaptar o indivíduo com perda auditiva aos meios de comunicação utilizados pela sociedade, nomeadamente a fala (Dorziat, s.d.). Assim, a pessoa com deficiência auditiva faz parte de uma comunidade minoritária, pelo que se torna pertinente criar novas práticas no sentido de a incluir socialmente. Desta forma, é necessário analisar os preconceitos e os estigmas para que a sociedade consiga conviver com a diferença (Ribeiro & Netto, 2009).
Em suma, consoante a definição de deficiência auditiva não são valorizados os contextos psicossociais e culturais nos quais a pessoa com perda auditiva se desenvolve, nem a própria experiência do indivíduo (Sá, 2006).

Surdez

No ano de 1993, Behares realçou a necessidade de olhar para os indivíduos com défice auditivo através de uma perspetiva sociocultural. Este autor define surdez como «uma entidade cultural. Tanto que tem sua história, ou seja, evolui e se modifica como qualquer outro objecto cultural.» (Medeiros, Gianini, Gomes & Batista, 2005). Desta forma, o termo surdo seria o que melhor definiria uma pessoa com défice auditivo, visto que esta é a expressão utilizada pelos próprios para se referirem a si mesmos, enquanto pessoas com características psicoculturais próprias (Dorziat, s.d.).
A surdez é uma identidade múltipla que se encontra dentro da temática da deficiência, mas que é politicamente reconhecida como uma diferença (Skliar, 1998). Desta forma, os surdos pertencem a uma comunidade com uma cultura e língua próprias (Inácio, s.d.). Assim, os surdos ou Surdos (como proposto por diversos autores) são pessoas que não se veem como deficientes, utilizam uma língua específica (Língua Gestual Portuguesa), valorizam a sua arte e literatura e propõem indicações específicas para a educação das crianças surdas (Bisol & Valentini, 2011).
Todos os aspetos supracitados são englobados na cultura surda. Nesta é defendida a existência de uma cultura visual, sendo que a informação é recebida e traduzida de forma visual. Para a sua afirmação, existem, em vários locais, organizações e coletividades surdas que se regem de regras e princípios nos quais, em casos mais restritos, não é permitida a participação de ouvintes (Quadros, 2003).
Sendo a língua uma das características fundamentais para a pertença à cultura dos surdos é imprescindível a sua aprendizagem por surdos. A língua dos sinais que, em Portugal é denominada por Língua Gestual Portuguesa [LGP], possui regras próprias a vários níveis (fonológico, morfológico, sintático, semântico e pragmático) e é utilizada como outra língua qualquer. No entanto, esta forma de comunicar não foi sempre reconhecida como uma língua. Para o reconhecimento ao direito de utilizar a língua gestual é necessária uma aquisição da linguagem e a conceptualização da língua como um meio para a interação social, cultural, política e educacional, sendo parte do sujeito. Porém, alguns surdos utilizadores de LGP possuem a língua portuguesa como uma segunda língua (Quadros, 2003). Esta aprendizagem vai ao encontro de facilitar a troca de informações entre indivíduos ouvintes e surdos (Quadros, 2003; Sá, 1999 cit in Inácio, s.d.).
Outro ponto sustentado pela cultura surda é a defesa de diversos princípios para a educação de crianças surdas. Do ponto de vista escolar, as crianças surdas são reconhecidas, pelos membros da sua comunidade, como crianças que estão a exercer os seus direitos civis de acesso à educação (Princípio 7.º: «a criança tem direito à educação (…). Deve ser-lhe ministrada uma educação que promova a sua cultura e lhe permita (…) tornar-se um membro útil à sociedade» [UNICEF, 1959]). Esta perspetiva é contrária àquela onde as crianças surdas são caracterizadas como crianças que necessitam de um apoio específico (Quadros, 2003).
Tendo por base o exposto, constata-se que o termo surdez tem uma extensão social em que a perda auditiva é apenas um fator médico e que não interfere no seu crescimento enquanto pessoa nem na sua relação com os outros (Dorziat, s.d.).

Que termo deve o terapeuta da fala utilizar?


Sendo a surdez uma área de intervenção de Terapia da Fala, é necessário o terapeuta ter conhecimento da diferença entre os conceitos e quando e a quem é mais adequado aplicar cada um deles. Contudo, a melhor decisão a tomar é perguntar à pessoa com quem se trabalha qual o termo que prefere utilizar, pois a sua utilização depende, em grande parte, da conceptualização da pessoa e do seu problema. Para isso, o terapeuta deverá abordar a família e expor os seus conhecimentos, de forma imparcial, face aos termos que são comummente utilizados, ou seja, deverá explicar os conceitos que pode encontrar nas suas pesquisa e nos pré-conceitos da sociedade (o termo “mouco” é ainda utilizado frequentemente na sociedade). Além disso, é importante considerar o termo que os cuidadores usam quando se referem à pessoa com perda auditiva e, caso seja o seu desejo, indicar locais onde pode encontrar informação sobre os conceitos e os seus pressupostos.

Bibliografia
·         Bisol, C. & Valentini, C. (2011). Surdez e Deficiência Auditiva – qual a diferença. Objecto de Aprendizagem INCLUIR. Acedido em 14 de junho de 2014, em: http://www.grupoelri.com.br/Incluir/downloads/OA_SURDEZ_Surdez_X_Def_Audit_Texto.pdf;
·         Dorziat, A. (s.d.). Deficiente auditivo e surdo: uma reflexão sobre as concepções subjacentes ao uso dos termos. Acedido em 13 de junho de 2014, em: http://www.nre.seed.pr.gov.br/londrina/arquivos/File/6encontrogesurdezdeein.pdf;
·         Inácio, W. (s.d.). A inclusão escolar do deficiente auditivo: contribuições para o debate educacional. Acedido em 10 de junho de 2014, em: http://saci.org.br/imagens/textos/arqs/incluescolarsurdo.pdf;
·         Medeiros, L., Gianini, E., Gomes, M. & Batista, W. (2005). Desenvolvimento de brinquedos pedagógicos para crianças surdas. Acedido em 10 de junho de 2014, em: http://www.sj.cefetsc.edu.br/~nepes/docs/midiateca_artigos/pratica_ensino_educacao_surdos/texto61.pdf;
·         Quadros, R. (2003). Situando as diferenças implicadas na educação de surdos: inclusão/exclusão. Ponto de Vista, 5, pp. 81-111. Ribeiro, E. & Netto, R. (2009). A Inclusão e os Deficientes Auditivos. Revista Interfaces: ensino, pesquisa e extensão, 1 (1), 8-9.
·         Ribeiro, E. & Netto, R. (2009). A Inclusão e os Deficientes Auditivos. Revista Interfaces: ensino, pesquisa e extensão, 1 (1), 8-9;
·         Sá, N. (2006). Os Estudos Surdos. In: Sá, N. (Org.), Cultura, poder e educação de surdos. São Paulo: Paulinas.
·         Skliar, C. (1998). Bilinguismo e biculturalismo: Uma análise sobre as narrativas tradicionais na educação dos surdos. Revista Brasileira da Educação, 8, pp. 44-57.
·         UNICEF. (1959). Declaração Universal dos Direitos da Criança. Acedido em 14 de junho de 2014, em: http://www.ie.uminho.pt/Uploads/NEDH/declaracao_universal_direitos_crianca.pdf. 

01/06/2014

Feliz Dia Mundial da Criança!

As crianças são presença assídua no dia-a-dia do terapeuta da fala. Com elas temos as conversas mais divertidas, rimos e falamos a sério mas, acima de tudo, aprendemos juntos! 
Em comemoração do Dia Mundial da Criança, o blog "Viagem pelo Mundo da Terapia da Fala" oferece aos seus seguidores um pequeno cartaz que resumo um pouco daquilo que se faz na terapia da fala, homenageando todas as crianças que tornam os nossos dias tão mais felizes!
Façam o download gratuito deste cartaz no link:
https://www.wetransfer.com/downloads/08acecbc4eedfab29adea8722ad1a1b520140601082739/0895bb

Feliz Dia Mundial da Criança! :)




19/05/2014

Família na Terapia da Fala


Não importa se é de sangue ou apenas de coração, a família é uma importante rede de apoio. As famílias são bem-vindas na Terapia da Fala!

(Imagem retirada da Internet)

16/04/2014

16 de abril - Dia Mundial da Voz

(Imagem retirada da Internet)
"A voz é uma componente importante na comunicação interpessoal, uma vez que transmite palavras, mensagens e sentimentos."

 Por isso, é importante cuidar da sua voz! :)

08/04/2014

8 de abril - Dia Mundial do Combate ao Cancro

O terapeuta da fala tem um papel preponderante na intervenção junto de pessoas com cancro da cabeça e pescoço!
 
(Imagem retirada da Internet)
 

07/04/2014

7 de abril - Dia Mundial da Saúde


O terapeuta da fala é um profissional de saúde que desempenha um papel importante na melhoria qualidade de vida da população!


(Imagem retirada da Internet)

30/03/2014

Novidades para breve :)

Queremos continuar a contribuir para melhorar o mundo da terapia da fala. Deste modo, anunciamos que em breve vamos começar a viajar pelos gabinetes de todo o Portugal contribuindo com novas atividades para alegrar o dia-a-dia dos nossos pacientes.
Para este novo desafio contamos também com a terapeuta Mónica Gomes.
Fiquem atentos às novidades!


26/03/2014

Quer saber mais sobre AUTISMO?

As Perturbações do Espetro do Autismo (PEA) dizem respeito a um espetro de alterações neurodesenvolvimentais, que apresentam como características principais dificuldades na interação social e na comunicação verbal e não-verbal, sendo também evidentes padrões de comportamentos restritivos e repetitivos.

As pessoas com PEA apresentam dificuldades em três domínios: comunicação, interação social e imaginação.

(Imagem retirada da Internet)
Algumas caraterísticas observáveis em crianças com PEA:
  • Défice acentuado e persistente na comunicação, que atinge as aptidões verbais e não-verbais;
  • Alteração ao nível da atenção compartilhada, bem como ao nível da compreensão de intenções comunicativas e da imitação;
  • Presença de formas restritas para indicarem as suas necessidades e desejos, o que reduz a sua eficácia comunicativa, quando comparadas com os pares;
  • Dificuldades ao nível do apontar proto declarativo;
  •  Presença do apontar proto imperativo, principalmente em crianças mais velhas;
  • Dificuldade em iniciar e manter uma conversação, bem como em manter um tópico e respeitar as regras da mesma;
  • Falha nas competências sociais, que faz com que as crianças com PEA não interajam com os pares, embora demonstrem vontade de serem aceites e de participarem nas brincadeiras;
  • Uso repetitivo e estereotipado da linguagem com recurso a estruturas gramaticais rudimentares, bem como o uso de uma linguagem idiossincrática e metafórica;
  •  A nível da pragmática, verifica-se a incapacidade para integrar palavras e gestos, ou para compreender os aspetos humorísticos ou não literais do discurso
  • Dificuldades no jogo imaginativo e espontâneo, ou jogo simbólico ou funcional, adequado ao nível de desenvolvimento da criança;
  • Boas competências ao nível do jogo construtivo, ao invés do jogo simbólico, quando comparadas com crianças com desenvolvimento normativo ou com Atraso no Desenvolvimento da Linguagem;
  • A fala de algumas destas crianças poderá ser, por vezes, caraterizada por uma qualidade monótona, com pouca variação de prosódia, intensidade e possíveis alterações no ritmo. Estas alterações devem-se à dificuldade que têm em compreender e utilizar adequadamente os aspetos suprassegmentais da fala.


A intervenção do terapeuta da fala junto das crianças com PEA, vai desde a avaliação e à intervenção nas alterações da comunicação, linguagem e fala. No entanto, dado que as principais dificuldades de crianças com PEA incidem na aquisição de competências básicas para a comunicação e o seu uso em contextos sociais, a intervenção deve promover o uso de uma comunicação funcional nos diferentes contextos.

Bibliografia:

  •  Balestro, J., Souza, A. & Rechia, I. (2009). Terapia fonoaudiológica em três casos do espectro autístico. Revista da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, 14 (1): 129-135;
  • Lampreia, C. (2004). Os Enfoques Cognitivista e Desenvolvimentista no Autismo: Uma análise Preliminar. Psicologia: Reflexão e Crítica. Rio de Janeiro: Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro; 2004.
  • Mirenda, P. & Iacono, T. (2009). Autism Spectrum Disorders and AAC. Baltimore: Paul H. Brookes Publishing Co;
  • Peixoto, V. & Varela, I. (2009). A eficácia da intervenção em terapia da fala em crianças com PEA. Em: Peixoto, V. & Rocha, J. Metodologias de Intervenção em Terapia da Fala. Porto: Edições Universidade Fernando Pessoa.

21/03/2014

21 de março - Dia Mundial da Síndrome de Down / Trissomia 21

(Imagem retirada da Internet)
Todos nós podemos contribuir para melhorar a qualidade de vida destas pessoas! O modo como encaramos os problemas é que nos torna diferentes!
 
 


13/03/2014

Sabe quais são as modificações causadas pelo envelhecimento que podem afetar a comunicação?

O envelhecimento é um processo inevitável e irreversível que ocorre após a fase de maturidade do indivíduo. Trata-se de um processo de difícil definição e que difere de indivíduo para indivíduo, dependendo de vários fatores e afetando diversas dimensões da vida da pessoa. Este pode ser dividido em:
  • Envelhecimento normal: carateriza-se pelas consequências advindas de alterações orgânicas, funcionais e psicológicas, bem como de comunicação e linguagem.
  • Envelhecimento patológico: resultada das alterações, que ocorrem no processo de envelhecimento, provocadas por doenças que são mais frequentes em pessoas idosas.

 
(Imagens retiradas da Internet)
Com o avançar da idade poderão ocorrer algumas modificações e/ou dificuldades que podem comprometer a funcionalidade comunicativa do indivíduo, entre as quais:
  • Manutenção da atenção dirigida;
  • Recuperação da informação da memória;
  • Organização do discurso aquando de uma narração, pelo que o idoso tende a utilizar ideias mais ambíguas, diminuindo assim a objetividade da informação central;
  • Compreensão de frases complexas e longas;
  • Presbiacusia (diminuição da acuidade auditiva), o que influencia a compreensão da fala;
  • Presbiopia (diminuição da acuidade visual), a qual condiciona as aptidões para entender a expressão facial, os movimentos dos lábios, reconhecer pessoas, ver televisão, ler e escrever;
  • Presbifonia (alterações a nível vocal), devido a modificações no trato vocal (como, por exemplo, edema, atrofia e modificações nas camadas que constituem as pregas vocais e encerramento glótico incompleto);
  • Redução da capacidade pulmonar, verificando-se tempo de fonação mais curtos, aumento de pausas articulatórias, diminuição da velocidade de fala e da projeção vocal;
  • Imprecisão articulatória, resultante da ausência de dentes e/ou da adaptação incorreta da prótese dentária;
  • Decréscimo na produção de saliva;
  • Diminuição da tonicidade da musculatura orofacial;
  • Fraqueza dos músculos da faringe;
  • Limitação na mobilidade da articulação temporomadibular (ATM);


De realçar que embora sejam observadas mudanças ao longo do processo de envelhecimento, estas podem ou não ser significativas para o indivíduo idoso, mediante as consequências que estas acarretam na vida diária, sendo importante perceber se estas interferem ou não na sua qualidade de vida.

Bibliografia:

  • Brasolotto, A. (2010). Voz e qualidade de vida na terceira idade. Em: F. Fernandes, B. Mendes & A. Navas (2010). Tratado de Fonoaudiologia (709-714). São Paulo: Roca;
  • Calixto, E., & Martins, M. (2011). Os factores bio-psico-sociais na satisfação com a vida de idosos institucionalizados. Revista Transdisciplinar de Gerontologia, 4 (2), 47-61;
  • Correia, F. (2011). Idosos: Manutenção no domicílio e Educação Social. Revista Transdisciplinar de Gerontologia, 4 (2), 16-21;
  • Gutierrez, S., Zanato, L., Pelegrini, P., & Cordeiro, R. (2009). Queixas fonoaudiológicas de idosos residentes em uma instituição de longa permanência. Revista Distúrbios da Comunicação, 21 (1), 21-30;
  • Mac-Kay, A. (2010). Linguagem e gerontologia. Em: F. Fernandes, B. Mendes & A. Navas (2010). Tratado de Fonoaudiologia (386-391). São Paulo: Roca;
  • Menezes, L., & Vicente, L. (2007). Envelhecimento vocal em idosos institucionalizados. CEFAC, 9 (1), 90-98;
  • Russo, I. (2010). Intervenção audiológica no idoso. Em: F. Fernandes, B. Mendes & A. Navas (2010). Tratado de Fonoaudiologia (193-201). São Paulo: Roca;
  • Worral, L., & Hickson, L. (2003). Communication Disability in Aging: From Prevention to Intervention. United Kingdom: Delmar Learning.

27/02/2014

CANCRO DA LARINGE E LARINGECTOMIA

O cancro da laringe pode ser subglótico (é raro ser detetado em fases iniciais), supraglótico (tende a permanecer por algum tempo sob a prega ventricular) ou glótico (origina-se na margem livre de uma corda vocal).
(Imagens retiradas da Internet)


  • Apresenta como sinais: aumento da tensão e volume no pescoço, nódulos no pescoço, alargamento da laringe, ausência de criptação, adenopatias linguais e outras;´
  • Apresenta como sintomas: disfonia (quando a disfonia é o sintoma mais frequente significa que o cancro é glótico), dispneia, estridor, odinofagia, disfagia (quando a disfagia é o sintoma mais frequente significa que o cancro é supraglótico), tosse, hemoptises, redução de peso e halitose;
  • Tem como etiologias mais frequentes: tabaco, álcool, idade, produtos tóxicos, factores genéticos e défices vitamínicos;
  • Tem como tratamento clínico a radioterapia (que tem como consequências odinogafia, disfonia e fibrose das cartilagens).
         A laringectomia é um procedimento cirúrgico no qual uma parte ou a totalidade da laringe é removida. É indicada em casos de carcinoma laríngeo (cancro da laringe), trauma laríngeo, laringe não funcionante e estenose supraglótica.
          A laringectomia pode ser parcial ou total. Na total é removido todo o arcabouço da cartilagem laríngea, músculos e outras estruturas nele contidas. Quanto às parciais, estas podem-se subdividir em:

o  Horizontais/ transversais/ supraglóticas – manutenção das estruturas a nível glótico; comprometimento da deglutição.
o  Verticais – cordectomia (ressecação de uma corda vocal com ou sem aritenoidectomia), laringectomia frontal anterior (ressecação da quilha da cartilagem tiróide, juntamente com o terço anterior de ambas as cordas vocais), laringectomia fronto-lateral (ressecação da quilha da tiróide mais uma corda vocal, com ou sem aritenoidectomia) e hemilaringectomia

·   Impacto da laringectomia total: alterações anátomo-fisiológicas (olfacto, paladar, saliva, acuidade auditiva [fluxo de ar na caixa timpânica diminui], força física [diminuição da função esfingtariana] e secreções [o ar não é filtrado]) e alterações da função vocal (comunicação verbal oral e não verbal quanto ao choro e riso)
·   É no fim da cicatrização que se inicia a Terapia.

Opções de reabilitação após laringectomia total
Vantagens
Desvantagens
Intervenção em Terapia da Fala
Fala murmurada: aproveitamento do ar nos espaços de ressonância, modulado pelos articuladores.  
É alternativa quando todas as outras falham.

Pouco audível, nova coordenação respiratória (falar em apneia), grande precisão articulatórias, grande capacidade de atenção do ouvinte.

1. Conhecimento, aceitação e autodomínio das estruturas anatómicas remanescentes; 2.Independência de sopros (falar em apneia); 
3.Aumentar a inteligibilidade dos movimentos articulatórios
Laringe eletrónica: aparelho que quando acionado desencadeia ondas vibratórias numa extremidade que deverá ser encostada ao pescoço. Essas ondas projetam-se através dos tecidos, amplificam-se nos ressoadores e são moduladas pelos articuladores.

Voz funcional, é possível falar ao telefone, alternativa à esofágica
Voz metálica e aprosódia, não tem mãos livres, em ambientes ruidosos é inaudível, difícil propagação durante a radioterapia.

1.Treino de fala murmurada; 
2.Determinar o melhor local no pescoço; 
3.Manipulação do aparelho; 
4.Treino com palavras monossilábicas isoladas; 
5.Treino com frases curtas; 
6.Limitar o vozeamento aos períodos de fala.
Voz esofágica: voz resultante da vibração do segmento faríngeo-esofágico provocada por uma passagem de uma corrente de ar vinda do estômago ou esófago.

Não depende de aparelhos, permite falar ao telefone, não necessita do uso das mãos.

Voz rouca, grave e disprosódica, obriga a grande prática, CME curto, exige um tónus adequado no segmento
- Vários métodos: método de deglutição do ar; inalação ou aspiração de ar; injeção de ar ou método holandês. Importante trabalho inicial da musculatura envolvida.
1.Demonstração do método; 
2.Produzir oclusivas não sonoras;
3. Acrescentar as vogais; 
4.Produzir palavras monossilábicas; 
5.Produzir sequencias de bissilábicas e trissilábicas; 
6.Produzir palavras bissilábicas e trissilábicas; 
7.Fazer o mesmo processo com oclusivas sonoras;
8.Acrescentar fricativas isoladas; 
9.Treinar automatização do vozeamento (rapidez, sucesso, aumento do tempo, capacidade de segmentação e acentuação, variar intensidade); 
10.Treinar frases curtas.
Voz traqueoesofágica: implica a criação de uma fístula traqueoesofágica e colocação de uma prótese fonatória com válvula para impedir a passagem do ar do esófago para a traqueia.

Utilização do mesmo mecanismo expiratório, voz grave, falar ao telefone, maior rapidez no estabelecimento da fonte sonora.

Dispendioso, total dependência do médico para a substituição da prótese

- Treino da coordenação entre a oclusão do estoma (quando quer falar) e a desobstrução do estoma.

Bibliografia:


  • Behlau, M. (2005). Voz – O livro do Especialista, volume II. Livraria e Editora Revinter. Rio de Janeiro;
  • Mourão, L. (2010). Laringectomia Total. Em: F. Fernandes, B. Mendes & A. Navas, Tratado de Fonoaudiologia (803-812). São Paulo: Roca;
  • Pinho, S. M. (2003). Fundamentos em Fonoaudiologia:Tratando os distúrbios da voz. (2ª Ed.). Editora Guanabara Koogan: Rio de Janeiro;
  • Schwartz, S. (2004). The Source for Voice Disorders: Adolescent e Adult. LinguiSystems: USA.