27/02/2014

CANCRO DA LARINGE E LARINGECTOMIA

O cancro da laringe pode ser subglótico (é raro ser detetado em fases iniciais), supraglótico (tende a permanecer por algum tempo sob a prega ventricular) ou glótico (origina-se na margem livre de uma corda vocal).
(Imagens retiradas da Internet)


  • Apresenta como sinais: aumento da tensão e volume no pescoço, nódulos no pescoço, alargamento da laringe, ausência de criptação, adenopatias linguais e outras;´
  • Apresenta como sintomas: disfonia (quando a disfonia é o sintoma mais frequente significa que o cancro é glótico), dispneia, estridor, odinofagia, disfagia (quando a disfagia é o sintoma mais frequente significa que o cancro é supraglótico), tosse, hemoptises, redução de peso e halitose;
  • Tem como etiologias mais frequentes: tabaco, álcool, idade, produtos tóxicos, factores genéticos e défices vitamínicos;
  • Tem como tratamento clínico a radioterapia (que tem como consequências odinogafia, disfonia e fibrose das cartilagens).
         A laringectomia é um procedimento cirúrgico no qual uma parte ou a totalidade da laringe é removida. É indicada em casos de carcinoma laríngeo (cancro da laringe), trauma laríngeo, laringe não funcionante e estenose supraglótica.
          A laringectomia pode ser parcial ou total. Na total é removido todo o arcabouço da cartilagem laríngea, músculos e outras estruturas nele contidas. Quanto às parciais, estas podem-se subdividir em:

o  Horizontais/ transversais/ supraglóticas – manutenção das estruturas a nível glótico; comprometimento da deglutição.
o  Verticais – cordectomia (ressecação de uma corda vocal com ou sem aritenoidectomia), laringectomia frontal anterior (ressecação da quilha da cartilagem tiróide, juntamente com o terço anterior de ambas as cordas vocais), laringectomia fronto-lateral (ressecação da quilha da tiróide mais uma corda vocal, com ou sem aritenoidectomia) e hemilaringectomia

·   Impacto da laringectomia total: alterações anátomo-fisiológicas (olfacto, paladar, saliva, acuidade auditiva [fluxo de ar na caixa timpânica diminui], força física [diminuição da função esfingtariana] e secreções [o ar não é filtrado]) e alterações da função vocal (comunicação verbal oral e não verbal quanto ao choro e riso)
·   É no fim da cicatrização que se inicia a Terapia.

Opções de reabilitação após laringectomia total
Vantagens
Desvantagens
Intervenção em Terapia da Fala
Fala murmurada: aproveitamento do ar nos espaços de ressonância, modulado pelos articuladores.  
É alternativa quando todas as outras falham.

Pouco audível, nova coordenação respiratória (falar em apneia), grande precisão articulatórias, grande capacidade de atenção do ouvinte.

1. Conhecimento, aceitação e autodomínio das estruturas anatómicas remanescentes; 2.Independência de sopros (falar em apneia); 
3.Aumentar a inteligibilidade dos movimentos articulatórios
Laringe eletrónica: aparelho que quando acionado desencadeia ondas vibratórias numa extremidade que deverá ser encostada ao pescoço. Essas ondas projetam-se através dos tecidos, amplificam-se nos ressoadores e são moduladas pelos articuladores.

Voz funcional, é possível falar ao telefone, alternativa à esofágica
Voz metálica e aprosódia, não tem mãos livres, em ambientes ruidosos é inaudível, difícil propagação durante a radioterapia.

1.Treino de fala murmurada; 
2.Determinar o melhor local no pescoço; 
3.Manipulação do aparelho; 
4.Treino com palavras monossilábicas isoladas; 
5.Treino com frases curtas; 
6.Limitar o vozeamento aos períodos de fala.
Voz esofágica: voz resultante da vibração do segmento faríngeo-esofágico provocada por uma passagem de uma corrente de ar vinda do estômago ou esófago.

Não depende de aparelhos, permite falar ao telefone, não necessita do uso das mãos.

Voz rouca, grave e disprosódica, obriga a grande prática, CME curto, exige um tónus adequado no segmento
- Vários métodos: método de deglutição do ar; inalação ou aspiração de ar; injeção de ar ou método holandês. Importante trabalho inicial da musculatura envolvida.
1.Demonstração do método; 
2.Produzir oclusivas não sonoras;
3. Acrescentar as vogais; 
4.Produzir palavras monossilábicas; 
5.Produzir sequencias de bissilábicas e trissilábicas; 
6.Produzir palavras bissilábicas e trissilábicas; 
7.Fazer o mesmo processo com oclusivas sonoras;
8.Acrescentar fricativas isoladas; 
9.Treinar automatização do vozeamento (rapidez, sucesso, aumento do tempo, capacidade de segmentação e acentuação, variar intensidade); 
10.Treinar frases curtas.
Voz traqueoesofágica: implica a criação de uma fístula traqueoesofágica e colocação de uma prótese fonatória com válvula para impedir a passagem do ar do esófago para a traqueia.

Utilização do mesmo mecanismo expiratório, voz grave, falar ao telefone, maior rapidez no estabelecimento da fonte sonora.

Dispendioso, total dependência do médico para a substituição da prótese

- Treino da coordenação entre a oclusão do estoma (quando quer falar) e a desobstrução do estoma.

Bibliografia:


  • Behlau, M. (2005). Voz – O livro do Especialista, volume II. Livraria e Editora Revinter. Rio de Janeiro;
  • Mourão, L. (2010). Laringectomia Total. Em: F. Fernandes, B. Mendes & A. Navas, Tratado de Fonoaudiologia (803-812). São Paulo: Roca;
  • Pinho, S. M. (2003). Fundamentos em Fonoaudiologia:Tratando os distúrbios da voz. (2ª Ed.). Editora Guanabara Koogan: Rio de Janeiro;
  • Schwartz, S. (2004). The Source for Voice Disorders: Adolescent e Adult. LinguiSystems: USA.