(Retirada da Internet)
Definição:
- A gaguez pode ser definida como uma
alteração na comunicação, sendo caracterizada por interrupções no fluxo da
fala, resultando em disfluências. Sendo que o ser Humano constrói a sua
realidade de forma simbólica, a gaguez deverá ser considerada como um fenómeno
socialmente construído. Deste modo, a maneira como as
pessoas que gaguejam lidam com a gaguez e como desenvolvem as suas relações
pessoais depende, fortemente do modo como os ouvintes que não gaguejam reagem. Assim, mais do que um conjunto de
repetições, prolongamentos e bloqueios, a gaguez está associada a emoções e
atitudes muito fortes, como o medo, raiva, vergonha, frustração, entre outros. A
gaguez é assim denominada quando acompanhada de sentimentos negativos e
comportamentos de evitação. Desta forma, as pessoas que gaguejam poderão estar
sujeitas a discriminação, devido às conceções erradas que as pessoas têm
sobre a gaguez.
- A disfluência pode
encontrar-se quer na fala de adultos, quer na fala de crianças. Aprender a
falar é uma capacidade extremamente complexa pelo que crianças com 2 a 6 anos
de idade poderão apresentar uma disfluência normal. Contudo, esta
disfluência poderá traduzir-se nos primeiros sinais de gaguez.
Causas:
- Fatores fisiológicos: causas
genéticas e tensão muscular.
- Fatores psicológicos:
comportamentos aprendidos e stress.
No entanto, há autores que defendem que a causa inerente à gaguez
se relaciona com a confluência destes dois fatores, denominando-se como causa
neuropsicológica.
Características:
- A gaguez pode ser caracterizada em
vários graus de acordo com a idade do indivíduo, quantidade de disfluência e
sentimentos despoletados com o próprio discurso. Deste modo, existem quatro tipos de gaguez: boderline, início da gaguez, gaguez intermédia e gaguez avançada.
- O sujeito que gagueja, por vezes, opta
por não falar em vez de ouvir a sua própria gaguez. É comum, as pessoas que
gaguejam evitarem situações de maior exposição social. A importância que estes
atribuem a determinada circunstância, potencia a frequência da gaguez.
- As reações dos ouvintes perante uma
situação de gaguez têm um papel primordial na formação do auto conceito do
gago. Alguns autores referem que o auto conceito do gago pode ser caracterizado
por uma imagem estigmatizada do falante, que pode ser construída pelo
indivíduo, durante as relações de comunicação em que seu padrão natural de fala
não é aceite por parte do ouvinte, ou por parte dele mesmo.
- O gago cria uma visão da sua fala e de
si próprio com sentimentos negativos que o impedem de aceitar a sua condição de
disfluência. Assim, torna-se importante o gago aceitar-se tal como é, e saber
lidar com a gaguez. Estes tendem a viver em constante ansiedade perante uma ação
comunicativa que se torna visível a nível físico pelas tensões. O aspeto
emocional (medo, ansiedade, frustração) interfere tanto a nível motor, como se
pode verificar, por exemplo, nas alterações de ritmo respiratório; como a nível
cognitivo, uma vez quanto maior a emoção do momento, menor a capacidade de
racionalizar.
Papel
do Terapeuta da Fala:
- Cada terapeuta da fala poderá guiar a
sua intervenção de acordo com várias abordagens, tendo em conta as necessidades
do sujeito que gagueja, de modo a potencializar as competências e capacidades
do mesmo e minimizar o impacto negativo da sua condição.
- O objetivo principal desta intervenção
deve ser encontrar maneira de eliminar as barreiras sociais criadas pela
gaguez, enfatizando as componentes emocionais e interpessoais do sujeito.
- O terapeuta deve ajudar o indivíduo a
identificar conceções distorcidas e expectativas irrealistas subjacentes à sua
situação e ao seu comportamento.
- A
intervenção do terapeuta da fala com um indivíduo com gaguez incide
principalmente ao nível da redução do medo de falar. Grande parte da terapia
preocupa-se em tentar eliminar o comportamento de evitamento associado ao medo
de falar, tentando arranjar estratégias para que o indivíduo deixe de evitar
determinadas situações que costuma evitar, adotando atitudes positivas perante
a fala.
- O papel do terapeuta passa por ajudar a pessoa com gaguez a autogerir a sua situação e a desenvolver novas formas de se ver a si próprio.
- O terapeuta deve reconhecer que, com a direção, o aconselhamento e a informação apropriados, a pessoa deve ser capaz de assumir a liderança no seu processo de mudança.
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