A PEL carateriza-se por
um comprometimento do desenvolvimento linguístico da criança, sendo observáveis
assincronias no desenvolvimento das diversas componentes da linguagem,
coexistindo capacidades próprias para a idade com competências próprias de
crianças mais novas. Assim, a PEL poderá envolver uma ou mais componentes do
sistema linguístico, nomeadamente a classe de palavras, fonologia, morfologia,
sintaxe, semântica e/ou pragmática.
Para o diagnóstico de
uma PEL é necessário ter em conta os diversos critérios de inclusão-exclusão,
de especificidade e de discrepância.
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(Retirada da Internet) |
Critérios de inclusão-exclusão:
- Não apresentar atraso mental, deficiência auditiva, distúrbios emocionais severos, anomalias estruturais na cavidade oral ou patologias neurológicas;
- A perturbação da linguagem não pode ser consequência de fatores socioculturais ou ambientais;
- A criança deve apresentar um nível cognitivo mínimo e um quociente de inteligência (QI) igual ou superior a 85.
Critérios de especificidade:
As crianças com PEL
podem apresentar:
- Mais dificuldades que os seus pares em identificar sons de curta duração e/ou numa sequência rápida;
- Alterações na memória de trabalho, o que dificulta a capacidade de processamento e armazenamento de informação;
- Lentificação dos tempos de reação.
Critérios de discrepância:
- A diferença entre a idade mental ou a idade cronológica e a idade linguística (nível expressivo) tem de ser de, pelo menos, 12 meses;
- A diferença entre a idade mental ou a idade cronológica e a idade linguística (nível compreensivo) tem de ser de, pelo menos, 6 meses.
Tipos
de PEL
- Perturbações da linguagem expressiva: dispraxia verbal e défice de programação fonológica;
- Perturbações da linguagem expressiva e compreensiva: agnosia verbal auditiva e défice fonológico-sintático;
- Perturbações de processamento de ordem superior: défice léxico-sintáctico e défice semântico-pragmático.
Nota:
A idade e a presença de
um atraso ou desvio são aspetos importantes para definir o diagnóstico
diferencial nas perturbações da linguagem. Enquanto profissionais de saúde, o conhecimento
acerca da distinção entre atraso ou desvio revela-se fulcral para a
classificação das perturbações da linguagem. Num atraso observa-se as mesmas
características do desenvolvimento da linguagem normal, embora numa faixa
etária desadequada. Na PEL, por se tratar de um desvio, verifica-se que a
criança apresenta as componentes da linguagem afetadas de forma diferente,
denotando-se características não observadas no desenvolvimento normal da
linguagem.
Impacto
na vida da criança e da família
Relativamente ao desenvolvimento das competências escolares poderão
existir dificuldades na realização das tarefas, por exemplo,
ao nível da leitura e da escrita ou quanto à compreensão de fases longas ou
emitidas com rapidez pelos professores/educadores.
É frequente que os
pares da criança com PEL possam ter dificuldades em compreendê-la e, assim, emitam
juízos de valor. Esta situação poderá gerar sentimentos de frustração e de
baixa autoestima na criança, fazendo com que esta desista do processo comunicativo.
A criança poderá restringir a sua participação social e a sua integração nos
contextos onde está inserida, levando à desmotivação. Desta forma, devido à
ininteligibilidade do discurso, a criança poderá isolar-se dos colegas havendo
assim défices de socialização.
No
que diz respeito aos principais interlocutores em atividades e conversações
relativas ao quotidiano, o impacto pode ser mínimo. Por outro lado, em
conversações e tópicos mais complexos a comunicação poderá ficar comprometida.
Bibliografia:
- Acosta, V. (2007). Transtorno específico da linguagem. In: Puyuelo, M. & Rondal, J. (Org.). Manual de desenvolvimento e alterações da linguagem na criança e no adulto. São Paulo: Artmed;
- Hage, S. & Guerreiro, M. (2010). Distúrbio Específico de Linguagem: Aspectos Linguísticos e Neurobiológicos. In: Fernandes, F., Mendes, B. & Navas, A. (Org.). Tratado de Fonoaudiologia. Editora Roca: São Paulo;
- Lara, M. E. (2001). Transtorno Específico del Lenguaje. Madrid: Psicología Pirámide;
- National Institute of Deafness and Other Communication Disorders (2011). Specific Language Impairment. Acedido em 1 de janeiro de 2014, em: http://www.nidcd.nih.gov/health/voice/pages/specific-language-impairment.aspx;
- Papalia, D., Olds, S. & Feldman, R. (2002). O mundo da criança. Lisboa: Editora McGraw-Hill.
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