Todos
os bebés nascem com vários reflexos
essenciais para o seu desenvolvimento e sobrevivência, entre os quais o reflexo
de sucção. A partir dos 3 meses de vida a sucção deixa de ser um reflexo e passa
a ser um ato voluntário. Desde esta altura, o bebé pode sentir necessidade de
sugar o dedo ou a chupeta como forma de se acalmar, de continuar a sensação de
prazer que sente durante a alimentação ou como forma de exercitar o mecanismo
de sucção, o qual poderá ter ocorrido de forma insuficiente durante a
alimentação.
Quando
largar a chupeta?
A idade limite para largar
a chupeta situa-se entre os dois anos e dois anos e meio.
Quanto mais tempo o hábito de sucção na chupeta ou no dedo permanecer,
principalmente depois da erupção dos dentes, maior o risco de o desenvolvimento da
criança ficar prejudicado.
De notar que a retirada
da chupeta deve ocorrer de forma gradual, favorecendo sempre o desenvolvimento
emocional saudável da criança. Para tal, deverá ser realizada uma preparação
emocional e fazer com que a criança tenha um papel ativo durante o processo de
remoção da chupeta. Isto pode ser feito, por exemplo, reduzindo os contextos de
utilização da chupeta (só usar no quarto ou na hora da sesta), pôr a chupeta no
lixo com a ajuda da criança mostrando-lhe que já não é um bebé para a usar,
etc.
Alterações
advindas da utilização prolongada da chupeta/dedo:
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(Imagens retiradas da Internet) |
- Alterações
no desenvolvimento craniofacial (por
exemplo, reduzido desenvolvimento da mandíbula e/ou maxila);
- Alterações dentárias:
mordida aberta anterior, mordida cruzada, diastemas (espaço entre os
dentes), protrusão (projeção) dos incisivos superiores;
- Palato atrésico (céu
da boca muito alto);
- Alterações
na musculatura da língua, lábios e bochechas;
- Alterações
da fala: as
alterações no posicionamento dos dentes e da língua, advindas do uso
prolongado e excessivo da chupeta/dedo, poderão impedir uma correta
articulação verbal das palavras. Além disso, estas alterações ao nível da
fala poderão ainda surgir pelo facto de a criança se recusar a retirar a
chupeta/dedo da boca enquanto fala, o que faz com que os sons sejam
produzidos de forma incorreta;
- Respiração oral;
- Alterações
da mastigação;
- Alterações
da deglutição (movimentos alterados da
língua);
- Dificuldades
no controlo da saliva;
- Maior
probabilidade de desenvolvimento de otites médias.
Nota: Estas
alterações ao nível do sistema estomatognático dependem da frequência,
intensidade, duração e da interação com o padrão de crescimento da criança.
Papel do
terapeuta da fala
Cabe ao terapeuta da fala
desenvolver campanhas de divulgação e prevenção, no sentido de esclarecer
dúvidas e fornecer orientações aos pais acerca das atuações mais corretas de
forma a propiciar um crescimento harmónico das estruturas fonoarticulatórias. Assim,
uma atuação precoce e uma orientação bem direcionada evitará problemas de fala,
de oclusão, de mastigação e de deglutição, os quais se podem encontrar em
crianças em idade mais avançada ou na adolescência.
Bibliografia:
- Cunha, V.L.O. (2001). Prevenindo problemas na fala: pelo uso adequado das funções orais. São Paulo: Pró-fono;
- Ferraz, M. da C. (2001). Manual Prático de Motricidade oral: Avaliação e tratamento (5ª Ed.). Rio de Janeiro: Revinter;
- Ignancchiti, P.R., Gesualdi, K.C., Cursage, F.P. & Almada, R.O. (2003). Hábito de sucção de chupeta e mordida aberta anterior na criança com dentição decídua. Revista CEFAC, 5 (1), 241-245;
- Marchesan, I.Q. (1998). Fundamentos em Fonoaudilogia: Aspectos Clínicos da Motricidade Oral. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan;
- Nagem, T.M. (1999). Chupeta e mamadeira: Quem quer, a criança ou seus pais?. Revista CEFAC, 1 (2), 48-55;
- Warren, J.J., Bishara, S.E., Steinbock, K.L., Yonezu, T. & Nowak, A.J. (2001). Effects of oral habits’ duration on dental characteristics in the primary dentition. The Journal of the American Dental Association, 132 (1), 1685-1693;
- Zemlin, W. R. (2002). Princípios de Anatomia e Fisiologia em Fonoaudiologia. Porto Alegre: Artmed.
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