10/12/2013

Quer saber mais sobre gaguez?

“A gaguez é uma manifestação da diversidade humana.”

(Zamora, 2007)


(Retirada da Internet)

Definição:


  • A gaguez pode ser definida como uma alteração na comunicação, sendo caracterizada por interrupções no fluxo da fala, resultando em disfluências. Sendo que o ser Humano constrói a sua realidade de forma simbólica, a gaguez deverá ser considerada como um fenómeno socialmente construído. Deste modo, a maneira como as pessoas que gaguejam lidam com a gaguez e como desenvolvem as suas relações pessoais depende, fortemente do modo como os ouvintes que não gaguejam reagem. Assim, mais do que um conjunto de repetições, prolongamentos e bloqueios, a gaguez está associada a emoções e atitudes muito fortes, como o medo, raiva, vergonha, frustração, entre outros. A gaguez é assim denominada quando acompanhada de sentimentos negativos e comportamentos de evitação. Desta forma, as pessoas que gaguejam poderão estar sujeitas a discriminação, devido às conceções erradas que as pessoas têm sobre a gaguez.
  • A disfluência pode encontrar-se quer na fala de adultos, quer na fala de crianças. Aprender a falar é uma capacidade extremamente complexa pelo que crianças com 2 a 6 anos de idade poderão apresentar uma disfluência normal. Contudo, esta disfluência poderá traduzir-se nos primeiros sinais de gaguez.

Causas:

  •     Fatores fisiológicos: causas genéticas e tensão muscular.
  •     Fatores psicológicos: comportamentos aprendidos e stress.

     No entanto, há autores que defendem que a causa inerente à gaguez se relaciona com a confluência destes dois fatores, denominando-se como causa neuropsicológica.

Características:

  • A gaguez pode ser caracterizada em vários graus de acordo com a idade do indivíduo, quantidade de disfluência e sentimentos despoletados com o próprio discurso. Deste modo, existem quatro tipos de gaguez: boderline, início da gaguez, gaguez intermédia e gaguez avançada.
  • O sujeito que gagueja, por vezes, opta por não falar em vez de ouvir a sua própria gaguez. É comum, as pessoas que gaguejam evitarem situações de maior exposição social. A importância que estes atribuem a determinada circunstância, potencia a frequência da gaguez.
  • As reações dos ouvintes perante uma situação de gaguez têm um papel primordial na formação do auto conceito do gago. Alguns autores referem que o auto conceito do gago pode ser caracterizado por uma imagem estigmatizada do falante, que pode ser construída pelo indivíduo, durante as relações de comunicação em que seu padrão natural de fala não é aceite por parte do ouvinte, ou por parte dele mesmo.
  • O gago cria uma visão da sua fala e de si próprio com sentimentos negativos que o impedem de aceitar a sua condição de disfluência. Assim, torna-se importante o gago aceitar-se tal como é, e saber lidar com a gaguez. Estes tendem a viver em constante ansiedade perante uma ação comunicativa que se torna visível a nível físico pelas tensões. O aspeto emocional (medo, ansiedade, frustração) interfere tanto a nível motor, como se pode verificar, por exemplo, nas alterações de ritmo respiratório; como a nível cognitivo, uma vez quanto maior a emoção do momento, menor a capacidade de racionalizar.

Papel do Terapeuta da Fala:

  • Cada terapeuta da fala poderá guiar a sua intervenção de acordo com várias abordagens, tendo em conta as necessidades do sujeito que gagueja, de modo a potencializar as competências e capacidades do mesmo e minimizar o impacto negativo da sua condição.
  • O objetivo principal desta intervenção deve ser encontrar maneira de eliminar as barreiras sociais criadas pela gaguez, enfatizando as componentes emocionais e interpessoais do sujeito.
  • O terapeuta deve ajudar o indivíduo a identificar conceções distorcidas e expectativas irrealistas subjacentes à sua situação e ao seu comportamento.
  • A intervenção do terapeuta da fala com um indivíduo com gaguez incide principalmente ao nível da redução do medo de falar. Grande parte da terapia preocupa-se em tentar eliminar o comportamento de evitamento associado ao medo de falar, tentando arranjar estratégias para que o indivíduo deixe de evitar determinadas situações que costuma evitar, adotando atitudes positivas perante a fala.
  • O papel do terapeuta passa por ajudar a pessoa com gaguez a autogerir a sua situação e a desenvolver novas formas de se ver a si próprio.
  • O terapeuta deve reconhecer que, com a direção, o aconselhamento e a informação apropriados, a pessoa deve ser capaz de assumir a liderança no seu processo de mudança.

Bibliografia:
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  • Zamora, C. (2007). Antropologia de la tartamudez. Barcelona: Bellaterra.


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